No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não consegue levar: um estribilho antigo, o carinho no momento preciso, o folhear de um livro, o cheiro que um dia teve o próprio vento... (Mário Quintana

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Parábola dos Cinco talentos - MEDO

Ás vezes eu penso que por medo estou desperdiçando meu tempo e meu talento e aí sinto outro medo. O medo do castigo de Jesus quando me perguntar porque fiz isso. E não vai adiantar dizer que foi por medo, e Ele vai me dizer que foi por vaidade, preguiça e acomodação e não vou ter argumentos, nem justificativa. Vou ficar calada, olhando para Ele com aquele olhar de quem sabe que está errada, como uma gatinho encolhido e esperar que não seja inflexível no castigo, tenha misericórdia. Mas esta parábola me atormenta.

Medo da opinião dos outros, medo de enfrentar a vida, medo de levar fora, medo de ser humilhada, medo de errar, não aceitar as minhas limitações, saber que sou falível, que não sou boa o bastante. A vaidade de querer preservar um ego que se acha talentoso e não age por medo de errar e descobrir que não tem talento algum e insiste em preservar a mentira, a ilusão, vaidade.

Ou um ego que não tem mais ilusões e aceitou que é inútil, medíocre e desistiu de lutar, ficou paralisado, inerte. Desilusão, descrença, falta de fé, de coragem, preguiça.
Me cobro. Será que não posso viver meio isolada do mundo vivendo do meu jeito, no meu mundo, sem cobranças e exigências, serenamente, sem grandes alegrias e sem grandes tristeza, uma vida morna. O morno é medíocre, e Jesus vomitará os mornos (livro do apocalipse) Diriam que é uma vida vazia, sem grandes emoções, relacionamentos, mas as pessoas desiludem muito. Viver afastada e assim evitar desilusões. Não sei.

A outra eu me diria: Levanta, covarde. Nunca te dei o direito de ser covarde, de ficar no chão. Você tem o direito de errar, falhar, mas fugir não. Você tem o direito de ser fraca, chorar, esbravejar, gritar, mas depois levanta e age, seja forte, enfrenta, luta. Se não der não deu, mas tenta, o importante é tentar, fazer o melhor que você pode nas suas condições. Se fracassar, não importa, tenta de novo, não desiste. Se descobrir limitações, fraquezas e incapacidades, que tem gente melhor e mais capacitada e de maior valor, que você não é o sumo; Que seja. Você é você e tem o seu valor e tem o seu lugar no mundo. Deixa a mascara da vaidade cair e aceita a verdade, que é tão boa e libertadora. Deixa a cara limpa, deixa a chuva cair em seu rosto e sente a delicia da água e do vento em sua pele e se delicia, o resto é o resto. A opinião dos outros vale, claro, mas não tem o poder de mudar nada em você, respeita-a e segue, não deixa que te afete, é a sua que deve prevalecer. e vai em frente.

A parábola dos talentos é uma das mais conhecidas dentre as contadas por Jesus.
Segundo ela, um senhor que se ausentaria em viagem chamou seus servidores e lhes confiou seus bens.
A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro deu um.
Ao retornar de sua viagem, chamou os servidores para uma prestação de contas.
Os dois primeiros tinham multiplicado os talentos recebidos.
O senhor ficou satisfeito com sua fidelidade e prometeu lhes confiar mais coisas.
Entretanto, o terceiro limitou-se a enterrar o tesouro recebido.
Ao falar com o senhor, disse estar ciente da severidade dele e de que ele colhia onde nada semeara.
Por medo, não agira para multiplicar o talento que lhe fora confiado.
O senhor determinou que lhe tirassem o recurso que restara inútil em suas mãos.
É interessante observar a postura desse último servidor.
Por medo, ficou inerte.

Entendeu melhor enterrar seu talento do que se arriscar a cometer algum erro.
Terminou por perdê-lo de qualquer modo, tanto que foi entregue ao que já tinha dez talentos.
São inúmeras as leituras que se podem fazer dessa parábola.
Uma delas é que esses talentos representam os variados dons e recursos de que os homens são dotados.
A Providência Divina lhes faculta acesso a tesouros de inefável valor.
Pode ser a riqueza material, o dom da palavra, a vocação para as artes, para a maternidade, a medicina, o magistério.
Antes de retomar nova existência, renascendo, cada Espírito elabora, em linhas gerais, uma programação de vida.
Na existência terrena, lentamente os meios para cumprir o acordado e fazer o bem lhe chegam às mãos.
Nem sempre a criatura é feliz em suas opções.
São frequentes os êxitos parciais e mesmo os fracassos.
Como são imperfeitos e vivem para aprender, não é raro que homens se equivoquem.
Apenas é necessário tentar de verdade.
Dos equívocos surge a experiência, que facilitará o acerto mais tarde.
Nesse contexto, torna-se evidente o grave equívoco do servidor medroso.
Ele não se permitiu errar no empenho de acertar e ser útil.

Terminou por perder tudo sem ter auferido sequer a experiência oriunda da tentativa.
Convém refletir sobre isso sempre que surgir o desejo de desistir antes mesmo de tentar.
A prudência é uma virtude que mensura a eficiência dos meios de que se dispõe para a realização dos objetivos.
Se ela aponta alguma deficiência, esta deve ser trabalhada.
Entretanto, o medo é um péssimo conselheiro de vida.
Ele pode colocar a perder oportunidades valiosas de aprendizado e progresso.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita. -Em 19.1.2016

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